terça-feira, 4 de novembro de 2008

PETA E A CULTURA PORNOGRÁFICA

PETA E A CULTURA PORNOGRÁFICA


Uma Análise Feminista de “Eu Prefiro Ir Nua do que Usar Pele”


por Carol Adams


Tradução: Coletivo Madu


Muitas de nós em Feministas pelos Direitos Animais temos fortes sentimentos pela campanha publicitária do PETA, e eu quero dividir algumas das preocupações que surgem de alguém como eu, posicionada simultaneamente no movimento feminista e no movimento de defesa animal.


1. Uma conexão existe entre o tratamento de mulheres e o tratamento de animais. Esta conexão é basicamente um processo epistemológico no qual um sujeito se conhece através da objetificação de outros. Filosoficamente falando, epistemologia se refere a como nós sabemos o que sabemos e como ganhamos conhecimento. Uma epistemologia patriarcal responde à diferença (como raça, sexo, espécie) rotulando aquelas e aqueles que são diferentes como “outros”, e então objetificando quem são “outros”, de modo que sejam usados instrumentalmente. Ecofeministas chamam isto de uma “hierarquia de valores”, no qual o poder é inscrito sobre quem possui menos valor e este indivíduo é, portanto, visto como tendo menos valor. Uma feminista cunhou o termo “somatofobia” para se referir à hostilidade ao corpo. Em nossa cultura, o corpo tem menos valor que a mente ou a alma; logo, qualquer pessoa igualada com o corpo irá também ser não valorizada ou sub-valorizada. Este conceito nos ajuda a reconhecer o relacionamento entre diferentes formas de opressão: aqueles e aquelas igualadas com corpos (como pessoas de côr, animais e mulheres) ao invés de mentes ou almas (como pessoas brancas, seres humanos e homens) são oprimidas em nossa cultura por causa desta equação com o corpo e com umas às outras.


2. O problema é que este processo epistemológico, se sucedido, se torna invisível, e nós pensamos que estamos debatendo ontologia. Em outras palavras, o debate é mantido no nível de quem somos (ontologia) ao invés de como nós adquirimos o conhecimento de quem nós somos. Deixe-me dar um exemplo específico ao movimento de direitos animais. Algumas pessoas realmente vêem animais como “carne”: “para que outra coisa eles existem?” elas pensam, “eles existem para serem nossa carne”. Como sabemos, não há nada intrínseco à existência de um animal que o faz “carne”; é a posição do conhecimento de alguns seres humanos que os vê desta forma. Uma maneira ecofeminista de colocar isto é que quem está “acima” na hierarquia de valores, neste caso seres humanos, vê aqueles e aquelas que estão “abaixo”, neste caso animais, como usáveis, e desta visão vem a conclusão de que isto é o porquê de animais existirem: para serem de uso.


3. É também o mesmo processo epistemológico que vê corpos de mulheres pornograficamente. Pornografia foi historicamente uma maneira de homens instituírem seu estatuto de sujeito tendo outros que têm o estatuto de objetos. Como Susanne Kappeler diz em A Pornografia da Representação, a subjetividade dominante na cultura patriarcal é construída através da objetificação de outros. Aqui está um exemplo deste tipo de análise, uma análise clássica por Laura Mulvey do que é chamado o olhar masculino: “Em um mundo ordenado por desequilíbrio sexual, o prazer em observar foi dividido entre ativo/masculino e passivo/feminino. O olhar determinante masculino (humano) projeta sua fantasia sobre a figura da fêmea (humana), que é estilizada de acordo. Em seu tradicional papel exibicionista, mulheres são simultaneamente fitadas e expostas, com sua aparência codificada para forte impacto visual e erótico para que possa ser dito que elas conotam “fitabilidade”. Esta dificuldade em perceber o quanto a subjetividade confia nesta “fitabilidade” também explica a atração de uma campanha “nua”, porque ela vai ter atenção da mídia, já que a mídia é a fonte primária de encorajamento da “fitabilidade” da mulher. Esta dificuldade em perceber como a subjetividade dominante confia nesta “fitabilidade” também explica os problemas inerentes ao debate da campanha “nua” - algumas pessoas o vêem de uma forma, enquanto outras a vêem de outra. Em outras palavras, porque o epistemológico permanece invisível nós terminamos debatendo o ontológico.


4. Dada esta análise, a campanha “eu prefiro ir nua do que usar pele” é intrinsicamente problemática, provocando um debate de meios/fins entre nós. Mas a reviravolta adicional que ocorre com o anúncio da Pati Davis não é somente sua aliança com a Playboy, a qual fez o mal a mulheres através da pornografia um entretenimento de homens (porque ela leva adiante a objetificação da mulher, e reproduz dominação sexualizada), mas a preocupação especifica da bestialidade e a associação de Hugh Heffner com esta forma de pornografia. Sobre isto, ver Linda Lovelace, Ordeal, especificamente a p. 194: “Então Heffner disse que apesar de ele gostar de Garganta Profunda, ele estava mais interessado pelo filme que eu faria com um cachorro (sexo forçado por seu marido violento descrito nas páginas 105-113)”.


“Oh, você viu aquilo?” Chuck (seu marido violento) disse. “Oh aquilo foi ótimo,” Heffner disse, “Você sabe que nós já tentamos várias vezes, tentamos colocar uma garota e um cão juntos, mas nunca funcionou.” “Sim, isso pode ser bem complicado,” Chuck disse, “a mina tem que saber o que ela está fazendo.” “Isso é algo que eu gostaria de ver,” Heffner disse, “Eu acho que vi todo filme de animal (sic) já feito mas–”. Então Chuck oferece Linda como uma participante “voluntária”.


E então nós voltamos à minha primeira premissa, de que há uma conexão entre o tratamento das mulheres e o tratamento dos animais. Neste caso, o ponto de interseção é o uso pornográfico da bestialidade, no qual aquelas e aqueles de nós de atividade no movimento contra violência contra mulheres sabemos que é frequentemente uma ocasião para violentadores/estupradores maritais forçarem sexo entre um animal e sua parceira feminina. Eles tentam reproduzir a pornografia que consomem.


Nossa reclamação não é apenas a nº 4, por exemplo, que esta campanha publicitária – para qualquer pessoa com conhecimento do testemunho de Linda Lovelace – dá dicas de associação de Hugh Heffner com bestialidade, mas mais compreensivelmente o encontrado teoricamente na minha primeira premissa: que o nº 4 é inevitável por causa da posição epistemológica da objetificação. Vamos deixar isto claro. O problema não é que o PETA falha em reconhecer a interconexão do tratamento dos animais e o tratamento das mulheres. O problema é que, ao menos que reconheçam violência sexual masculina e como esta objetificação toma lugar perante o patriarcado, não vão verdadeiramente entender a violência contra animais.


Para um projeto no qual eu estou trabalhando sobre pornografia e animais, eu estive conversando com feministas que fazem campanha contra a pornografia ao redor do país. O que eu achei fascinante é que, apesar de eu não poder presumir que uma feminista, só porque ela é feminista, leu As Políticas Sexuais da Carne, eu tenho segurança em presumir que feministas anti-pornografia o leram. Como o reconhecimento do meu trabalho estava acontecendo, quando eu ligava para feministas eu não sabia perguntar a elas sobre o que elas acham que está acontecendo com pornografia que apresenta animais, me fez perceber que estes grupos de feministas realmente compreendem e entendem como o processo de objetificação afeta animais, sobre o que nós ativistas dos direitos animais tentamos educar as pessoas. Eu descobri uma afinidade entre sua análise e nossa análise. Esta é uma razão pela qual a campanha “nua” é tão perturbadora: um grupo aliado, muito familiarizado com a experiência de Linda Lovelace, é agora apresentado com uma campanha que anuncia que direitos animais não compreendem a objetificação de mulheres em geral, e especificamente sobre a origem do patriarcado na opressão de animais. Isto, para mim, é muito triste.


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Alguns exemplos das campanhas do Peta:

sadiefrost_peta.jpg (imagem JPEG, 450x604 pixels)

Peta-0.jpg (imagem JPEG, 400x518 pixels)

eva-mendes-peta-ad-01.jpg (imagem JPEG, 400x522 pixels)


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Mais sobre Linda Lovelace:
“A Verdadeira Linda Lovelace”, de Gloria Steinem
http://feminista.wordpress.com/2006/12/26/linda-lovelace/#more-1

20 comentários:

Unknown disse...

Tinha traduzido este texto, mas ainda não tinha postado porque nunca discutimos o Peta no coletivo, mas, acho que é uma informação interessante pra reflexão e serve como referência pra futuras discussões.

Anônimo disse...

Não é cultura pornografica, pois não acontece sexo explicito. O correto seria dizer cultura de NUDEZ.

Acredito que a PETA usa a nudez como um apelo pacifico, uma forma de protesto que certamente chama a atenção.

Portanto, por favor, não dividam a causa. A PETA tambem ajuda, devemos defender isso. Criticar a PETA parece coisa de evangelico ruralista infiltrado.

E feminismo é feminismo. Não misturem as coisas. As feministas que usem o blog de feminismo para criticar a PETA. Não usem blog de animais para criar caso contra a PETA. Combater a PETA ou discutir tabu/preconceito de nudez e pornografia, as feministas deveriam escolher outro lugar

Unknown disse...

Bom, "anônimo"...

Este não é um "blogue de animais". Este é o blogue do Coletivo Madu, um grupo abolicionista preocupado com a Libertação Animal e com a Libertação Humana, como todo grupo vegano coerente, e isso significa que Feminismo está dentro de nossas metas. Não tem nenhum "evangélico ruralista" (o que você tem contra camponeses?) por aqui. Objetificação é objetificação, seja ela de animais humanos ou não-humanos.

Você deveria se informar mais sobre o que é Pornografia, o que é Feminismo, e quem é Carol Adams, e as relações destes assuntos e dessa autora com o Veganismo. E, no mínimo, conheça o coletivo antes de achar que tem o direito de nos dizer o que podemos e não podemos fazer com nosso blogue.

Novamente, este é um blogue abolicionista, então deixe seus pré-conceitos monistas e mantenedores do status quo patriarcal capitalista do lado de fora, sim?

Anônimo disse...

A@ "anônim@":

Esperamos você discordar com argumentos que não há relação entre as opressões, e que alguma das coisas colocadas no texto está equivocada, ao invés de simplesmente dizer "uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa".

Anônimo disse...

Aloou. Quem disse que pornografia é apenas "sexo explícito"?
E tenta fazer a analogia do peta com comerciais de cerveja com uma "boa" "vendendo o produto", te incomoda? se sim faça a analogia com o peta "vendendo a imagem do vegetarianismo - nunca do veganismo... êta êta esse peta..." (não duvido que tenha chamado a atenção e conquistado pessoas importantes na luta, mas não acreditados, como movimento autônomo, que os fins justificam os meios pelos quais agiremos, construímos o mundo que sonhamos com as armas que queremos que façam parte dele...).
Agora, se vc nao enxerga problema algum numa campanha publicitária, (de um mundo machista, qeu coisifica a mulher)que vende mais a mulher que a cerveja, então vc deveria até se afastar um pouquin da lib. animal e dar uma chegadinha no feminismo, entender um tiquim... a libertação animal é a libertação de tod@s, permita-se e lute pela sua liberdade também....

Karol disse...

meu se vc pensa libertação animal fora da libertação humana alguma coisa ta errada... primeiro vc tenta rever seus conceitos e o que vc espera da sua opção vegetariana, a construção daquilo que muita gente aqui compartilha não depende só de uma luta e é impossível desvincular uma da outra ainda mais nesse caso, rascismo/especismo/machismo sao todo preconceitos que partem de uma premissa de objetificação dx outrx.. sinceramente ser umx vegetarianx machista homofibicx e rascista não vai fazer muita diferença.

Anônimo disse...

acho que é o vegetarianismo é um passo importante, mas é fundamental que ele sirva pra abrir nossos olhos às outras opressões... Ou que outros movimentos encaminhem à libertação animal...

As lutas se completam, nos completam...


"A luta é como um círculo, pode começar de qualquer ponto e nunca termina" (EZLN)

Anônimo disse...

Não tenho nada contra o feminismo. As feministas tem razão, devem mesmo lutar pelos direitos das mulheres. Isso é justo.

Porém, de uns tempos para cá, o feminismo vem rachando, numa espécie de direita e esquerda. As feministas dos anos 60, a "esquerda", essas não tinham nenhum preconceito/tabu contra a nudez. Muito pelo contrario. A nudez feminina é expressão de beleza e arte, desde a Grecia antiga.

Até parece que os seguimentos moralistas e religiosos, interessados em enfraquecer a causa feminista, se inflitraram no movimento para rachar a causa.

Contudo, não quero entrar em detalhes nem discutir o femnismo.

A minha critica aqui é uso do feminismo para criar uma polemica inutil contra a PETA. Quem combate a PETA combate os animais. Assim, os animais perdem. Até mesmo as feministas perdem. Quem sai ganhando são os inimigos de ambas as causas.

Pode até ser que, para evangelicos e moralistas, a nudez apresentada nas campanhas da PETA seja ofensiva. Porém, para mim que defende o feminismo desde os anos 60, não vejo nada de imoral nisso.

Mesmo que houvesse, como defensor dos direitos dos animais, não levaria em consideração. Prefiro olhar para aquilo que a PETA tem feito de bom.

Enfim, essa polemica inutil simplesmente divide, enfraquece e fragmenta a causa da libertação animal. Parece até que os ruralistas se infiltraram, travestidos de feministas, através dessa discussão inutil, para usar o proprio movimento de libertação animal no seu combate contra a PETA.

Anônimo disse...

Se a libertação animal corre paralela a libertação humana, se as lutas se completam, então é preciso unir, não pode dividir.

Portanto, considero essas criticas contra a PETA algo altamente lamentável. Quem quiser criticar a PETA, que então passe para a igreja evangelica, vá para alguma associação ruralista. Não usem o feminismo para combater algo que ajuda os animais.

Isso não só faz mal para a causa animal, mas tambem prejudica a causa feminista.

Anônimo disse...

O uso da nudez em anuncio de cerveja, isso não é feito porque os marketeiros são machistas interessados em ofender e humilhar as mulheres.

Na verdade, trata-se de um metodo cientifico já bem testado: a psicologia pavloviana.

A idéia é conquistar o publico masculino, e tambem feminimo, associando a imagem de um produto (no caso da PETA uma causa), com o instinto da sexualidade humana.

Em suas experiencias com cães, Pavlov usou sino e comida. Associou o instinto da fome com o som do sino. Deste modo, as empresas de cerveja associam o produto com o instinto do sexo.

E esse metodo tambem funciona em mulheres. As mulheres tambem tem instintos sexuais e associam o produto com isso. Chegam a pensar que, se o produto está associado a beleza feminina, ficarão mais bonitas se consumirem isso.

Claro que é errado. A cerveja é um droga que brocha o homem e destroi a beleza da mulher. Mas a psicologia pavloviana, o condicionamento classico, isso funciona mesmo.

Contudo, a PETA quer usar esse metodo na causa da liberatção animal. A intenção é muito nobre.

Nas campanhas da PETA, o homem pensa: se essas lindas modelos nuas defendem os animais, vou defender tambem, pois quero estar junto a elas. As mulheres pensam mais ou menos a mesma coisa: se as belas modelos defendem os animais, se eu defender, serei bonita tambem.

Enfim, repito: não se trata de uma pratica machista. Trata-se de psicologia comportamentalista e condicionamento classico. Isso é um poder que pode ser usado pelo bem ou pelo mal.

Anônimo disse...

Veganismo x Vegetarianismo

Nem sei qual é a diferença. Para mim, se deixar de comer animal mamifero, seja lá qual for, já é um grande avanço.

Muitos dizem comer peixe é maldade tambem. Porém, se a pessoa só comer peixe, 80% do problema estaria resolvido. Já seria um grande avanço.

Portanto, essa disputa, esse racha entre veganos e vegetarianos, me desculpe o termo, trata-se de uma tremenda babaquice infantil, coisa que só interessa ao pecuarista.

Enquanto brigam, se dividem, se enfrequecem, se fragmentam... Desperdiçam, jogam pelo ralo a força fundamental de qualquer causa: a união.

Enquanto isso, o pecuarista, o dono de frigorifico, o churrasqueiro, esses riem dos "baitôlas", dos ambientalistas e dos defensores do animais.

Enquanto veganos briga com o vegetariano, os ruralistas já colocaram varios deputados e senadores no congresso. Formaram uma maioria que manipula o presidente e o Brasil todo.

Anônimo disse...

Sim, conheço Carol Adams. Porém, conheço tambem a PETA. Já até contribui dinheiro na PETA.

Gosto muito da defesa da Carol pelos animais. Concordo que as duas causas tem um denominador comum: a luta contra a tirania do poder.

Porém, acho muito ruim falar mal da PETA e ainda trazer problemas feministas para dividir a causa dos animais.

Anônimo disse...

Os movimentos sociais não são um fim em si mesmos. Eles são tão voláteis quanto são nossas leituras sobre o mundo em determinado momento histórico, político etc... A luta feminista já foi "simplesmente" para direito a trabalho ou voto e isso muda, as necessidades, os sonhos, os interesses... Muito do que a gente acredita hoje como movimento abolicionista é completamente diferente ou bastante diferente do que foi sonhado, estudado e pensado há 50 ou 100 anos... Ninguém tem obrigação de ser "feminista da década de 60 em 2008" (se não concordar com tudo que era pensado e construído naquele momento).

E citar o feminismo num grupo qualquer (mesmo que seja um grupo que se propõe em "diminuir" o sofrimento dos animais) é válido.. Polêmica inútil? O peta se tornou polêmica muito legítima após relatórios que comprovam que alguns membros da ong mataram animais, após a "direção" da ong dizer que não acredita que o vegetarianismo seja uma "regra" pra reduzir o sofrimento não-humano, após chamarem o movimento vegano de radical demais, após premiarem um abatedouro e também após reflexões feitas pelo uso da "psicologia pavloviana"(que mesmo sendo uma técnica científica não deixa de ser abusiva) em suas campanhas.

Como disse antes, não acho que a peta não tenha construído nada de bom, mas acho que a forma de construção deve sim ser levada em consideração. Perpetuar e forticar uma opressão em nome de uma liberdade é tudo que os tiranos desse mundo sempre fizeram, e se a gente parar pra refletir entende que o custo pra alertar as pessoas em relação a alguns usos de animais (não todos) feitos pela peta é continuar coisificando mulheres.


Acho esse seu medo todo de polêmicas muito perigoso, e parece-me até muito corporativismo dizer que mesmo que seja machista não devemos criticar a peta pq ela está na luta. Ora, a gente tem que buscar justiça onde quer que seja, e não critico a peta querendo que todo mundo que faz parte do grupo morra, é chamando atenção para refletirem e quem sabe mudarem a forma de atuação, amadurecerem nesse aspecto discutido e enxergarem outras opressões.



Sobre "veganismo x vegetarianismo" você é muito ingênux em toda a fala... Claro que se sei lá 50% da população parar de comer boi será mais efetivo (numericamente) que minha experiência vegana... Mas certamente pra que metade da população pense apenas em reduzir o consumo de animais muita gente tem que ser "radical". E mesmo que essa parcela da população reduzisse o consumo, a causa raiz da libertação animal não teria sido atingida: o fim da propriedade humana sobre animais não-humanos. A mudança de paradigma só muda se a gente não mais se permite explorar animais e isso não muda absolutamente nada com uma pessoa onívora ou ovolacta e etc, apenas o veganismo (e um veganismo seguido de muita reflexão) oferece a possibilidade de não mais contribuir direta e conscientemente com a exploração animal.


E cara... mais uma ingenuidade... achar que as causas vividas e parcialmente vencidas até hoje chegaram onde chegaram com união... Meu... é muito pensamento diferente, muito estilo de luta diferente, muita cisão.. Não é porque somos da libertação animal que devemos todxs gostar uns/umas dxs outrxs, que devemos encontrar na luta dx outrx a nossa luta...
E em todos os movimentos também houveram polêmicas e amadurecimentos e mudanças...

Ahhh... e só pra piorar... para de falar em peta como abolicionista, já que vc contribui com a ong conheça seu estatuto... a peta não propõe o fim da exploração animal, propõe um tratamento "ético" no uso de animais....


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"problemas feministas"... o problema é o sexismo... o problema é o especismo, o racismo...

Quero lá saber de problemas feministas...



E dói demais enxergar esse egoísmo todo num blog, querer que um espaço de estudo, aprimoramento, crescimento seja exclusivo da libertação animal; imagina no cotidiano... Se ver um vegetariano estuprador deve achar que pô, é um vegetariano vamos deixar esses problemas feministas pra lá...

Anônimo disse...

Anônimo disse: "A nudez feminina é expressão de beleza e arte, desde a Grecia antiga.

Até parece que os seguimentos moralistas e religiosos, interessados em enfraquecer a causa feminista, se inflitraram no movimento para rachar a causa.

Contudo, não quero entrar em detalhes nem discutir o femnismo."

É bom mesmo, pra não falar besteira. "A nudez feminina é expressão de beleza e arte, desde a Grecia antiga." Sua visão utilitarista das mulheres é tão forte que você compara uso da imagem da mulher para fins comerciais (alguma semelhança com exploração animal?) e para o usufruto sexual masculino com obras de arte.

Segundo, que feministas dos anos 60? Você tá muito confuso, amigo. Anda confundindo homens com mulheres. Cite suas feministas dos anos 60 a favor da nudez, por favor.

Pra quem não tem sua imagem vendida qual carne em açougue a cada banca de revista, é muito fácil falar de nudez feminina como algo inofensivo. Que preguiça moral de questionar seu privilégio. Usuário de prostituição - regime de escravidão e degradação humana.

Você defende o feminismo desde os anos 60? Faça me rir. Você defende seu interesse de alta disponibilidade de mulheres que o satisfaçam sexualmente.

E pare de mencionar as igrejas evangélicas como fonte de crítica à pornografia: elas só a estimulam. Para cada mulher na missa dominical, há um homem rezando sobre a imagem de uma mulher objetificada num mundo em que elas são relegadas a esse papel.

Chamar pornografia, uma representação completamente objetificante, depreciativa, esteriotipizante, de "instinto da sexualidade humana" só mostra quão contaminada de pornografia é a sua própria sexualidade; se não bastasse esse fato lamentável, você representa um risco à todas as mulheres, exercendo uma sexualidade auto centrada que espera das mulheres passividade e subserviência sexual.

Você foi adestrado e ingenuamente acha que exerce algo pessoal e próprio; não passa de alguém que sofreu lavagem cerebral.

O mais absurdo é chamar de "bonitas" as representações das mulheres em propagandas de cerveja ou numa mulher que degrada sua própria imagem num mundo em que todo mundo odeia a expressão da sexualidade feminina, e homens dedicam sua sexualidade às mulheres de forma depreciativa e violenta, esperando que sejam putas, e ao mesmo tempo odiando as putas. Sua noção de uma mulher é digna de uma pessoa com severas incapacitações na capacidade de julgamento estético.

Condicionamento pavoloviano é enxurrar a cabeça de pessoas como você que aquela imagem de mulher é "bonita", que as mulheres querem ser assim (!) e que pornografia tem alguma coisa a ver com sexo. Sexo é uma relação. Na pornografia, só há submissão, uma imagem submissa ao bel (ou mal) prazer daquele que reafirma a cada "rezada" o seu lugar de supremacia no mundo.

Faça-nos um favor, se for falar algo de um assunto, antes procure saber do que está falando, você pode estar reproduzindo o status quo e sendo um mero marionete passivo do sistema, você mesmo vai se surpreender e descobrir mundos novos.

Procure a comunidade Antipornografia no orkut e traga alguma discussão produtiva pra nós. A comunidade atualmente está passando por um momento de reformulação, mas em breve estará de portas abertas para novas discussões.

"Pornografia não é sinal de muito sexo, mas de pouco. Quanto mais pornografia, menos sexo e mais pornografia" — Luiz Carlos de Alencar Cau

Unknown disse...

Nooooooooooooossssaaa!!!!
hauhuahuahuahu

Velho, pelo amor de Gaia, saia um pouquinho do senso comum e leia um livro (ou textinho mesmo, qualquer coisa!!!) sobre a abolição da escravidão animal e sobre libertação feminina, e depois venha aqui ler o que escreveu. Você vai se surpreender com o tanto de absurdo que você falou.

Nossa, dá pra analisar de tantas formas esse monte de palavra que você colocou aí que infelizmente não dá pra te dar uma resposta adequada no momento (tenho prova mais tarde), mas vou te apontar o erro central de todo esse senso comum patriarcal/capitalista/bem-estarista que você defende:

Racismo=Especismo=Sexismo

Eu não vou entrar no mérito de justificar essa afirmação, porque há dezenas de teses por aí que fazem análises muito mais detalhadas do que eu poderia neste espacinho. Se um dia você quiser abrir seus olhos, procura a gente e a gente te passa uns textos sobre isso (até traduzo o que você quiser!).

O fato é que você, ao dizer que é justificável o Peta explorar mulheres para vender ovolactovegetarianismo, apenas confessa sua própria misoginia. O que você diria se o Peta fizesse campanhas mostrando um cara da Ku Klux Klan dizendo "Carne é coisa de criolo, seja vegetariano"? Não me admiraria muito se você achasse isso justificável, mas muito provavelmente você recusaria. Bom, racismo não pode, mas sexismo pode, né? Uhm...

E sou "baitôla" sim, com muito orgulho, seu machinho.

Unknown disse...

E mais uma coisa: os fins não justificam os meios, nem os meios justificam os fins. Fins e meios são indissociáveis. Meios e fins são uma única coisa.

"Não há caminho para a Paz, a Paz é o caminho."
Mahatma Gandhi

Se queremos uma sociedade livre, devemos viver de forma compatível à de um mundo livre. Esse papinho da velha esquerda de "depois da revolução a gente pensa nisso" é balela. Sem o fim do sexismo, não há o fim do especismo, e vice versa. Nós contruímos a revolução todos os dias, e não haverá nenhuma mudança significativa na nossa sociedade (seja o fim da escravidão, da submissão, da fome, da miséria, do capitalismo, ou do que quer que seja) se não houver solidariedade entre as diferentes lutas de libertação, porque todas enfrentam o mesmo inimigo. A vitória de uma em separado é apenas simbólica, pois apenas remedia um sintoma ao invés de atingir a doença.

Anônimo disse...

Sugiro ao colega anônimo um excelente artigo chamado "Uma questão de tudo ou nada?", uma reflexão sobre a contraproducência de ações de acordo com a lógica de que fins justificam meios. Em verdade, os meios podem deturpar os fins:

http://wwwPONTOgaepoaPONTOorg/site/?m=Artigo&id=40

Substituir "PONTO" por "." (sem as aspas rs)

Anônimo disse...

Nos anos 60, além do diireto de trabalhar, fazer aborto e pedir o divorcio, as mulheres lutavam pelo direito de usar mini saia, calça comprida, bikini ou até topless na praia. Os machistas eram contra, diziam que era imoralidade, pornografia...

Ou seja, as mulheres queriam ter os MESMOS DIREITOS, não queriam ser IGUAIS aos homens.

Foi apartir dos anos 80 que o movimento feminista passou a ser infiltrado por sapatões e tribufús neurosticos e religiosos, que queriam ser IGUAIS, inclusive com barba e bigode. Assim, se tornando "macho", se tornaram tambem machistas: dizem que o corpo da mulher é imoral, pornografico...

Nos anos 60, as mulheres eram expulsas da igreja porque usavam mini saia. Hoje, são expulsas pelas proprias feministas, que alegam a mesma ladainha sobre imoralidade e pornografia.

Mudando de assunto, alguem perguntou sobre negocio de sexismo na arte classica greco romana. Acontecia que, nessa época antiga, os homens eram retratados nús, enquanto as mulheres eram sempre retratadas com roupa.

Venus de Milus foi uma excesão por tratar-se da deusa do amor de da beleza. Se havia machismo ou sexismo, então era o contrario de hoje.

Ainda assim, apesar de todo machismo e sexismo da sociedade dominada pelos homens, existe tambem a nudez e pornografia de homens, tipo revista G e filmes de porno gay. Esses tambem tem seus corpos vendidos como carne no açougue. O que as feministas acham disso?

Unknown disse...

Feministas radicais acham a pornografia gay tão absurda quanto a pornografia feminina. É a mesma coisa, apenas a vítima é diferente.

Típico. Se uma mulher combate a igreja, ela é "imoral". Se ela combate a pornografia, ela é "neurótica". Afff...

Será que é tão difícil assim entender que o puritanismo anti-sexo das igrejas e o porno-liberalismo dos cafetões são ambos armas patriarcais de opressão? Um se apresenta como resposta ao outro, tentando nos ludibriar a combater o machismo sem sair de dentro do Patriarcado (???), mas a verdadeira solução tá fora deste círculo vicioso. Estupro e castidade são duas faces da mesma moeda, e não queremos nenhuma das duas.

Mas o que você disse mesmo? "Sapatões e tribufús"? "Neuróticos e religiosos"? Nossa, você não merece nem 5 minutos do nosso tempo. Pega a sua homofobia e seu anti-feminismo e some daqui, m(f)acho!

Unknown disse...

Ahh, e muito obrigado por ter demonstrado tão claramente que a defesa das táticas misóginas do Peta e do discurso de que "os fins justificam os meios" estão sempre relacionadas a expressões de machismo e homofobia. Esta conversa foi um ótimo exemplo. Valeu mesmo.