segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Você já comeu a Amazônia hoje?

Você e eu somos bois-de-presépio ou cidadãos do planeta? Você acredita que a sua forma de viver, alimentar-se, comportar-se, construir a sua casa, presentear seus amigos, visitar os lugares ou votar possua relação direta com a Amazônia? Caso afirmativo, você aceitaria avaliar se está comendo ou não a Amazônia? A cada dia as pesquisas científicas e os relatórios ambientalistas são mais taxativos: não podemos nos dar ao luxo de esperar que as pessoas se convençam sobre a gravidade da situação da Amazônia. Será tarde demais quando fazendeiros, garimpeiros, madeireiros, funcionários públicos, representantes do poder público e a população em geral, despertarem para o fato. Teremos perdido a maior parte da Amazônia. Os fatos Em cinco séculos 95% das populações indígenas desapareceram. Nações inteiras foram extintas pelas doenças, pela escravidão e pelas armas trazidas pelos europeus. As Nações que sobreviveram, cerca de 180, com mais de 200 mil indivíduos (1% da população da região), contam com poucos aliados entre os funcionários públicos e organizações da sociedade civil para se defenderem de garimpeiros, caçadores, ladrões de madeira e grileiros. Em termos sociais a Amazônia é uma das regiões de maiores desigualdades econômicas e sociais do planeta. Esta é, de longe, a mais violenta do país, respondendo pela maioria dos casos de morte em conflitos pela terra, número de trabalhadores escravizados em fazendas de pecuária e pela grande insegurança das áreas urbanas. Os 23 milhões de habitantes estão longe de se beneficiar da biodiversidade, da etnodiversidade, de suas riquezas culturais e da produção de madeira e minerais. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, da ONU) da região equivale ao dos paises mais pobres do planeta. Em termos ambientais oferecemos, ano apos ano, o maior espetáculo de pirotécnica ao queimarmos mais florestas para virarem pasto. O desmatamento e as queimadas da Amazônia tornam o Brasil um dos principais paises emissores de gases que contribuem para o efeito estufa. As mudanças climáticas são irreversíveis. Em termos de biodiversidade, em apenas 4% da superfície terrestre a Amazônia continental deve abrigar mais de 1/5 da biodiversidade do planeta. Nas áreas mais comprometidas, como no entorno de Belém, por exemplo, . das aves estão ameaçadas de extinção. Uma vez extinta uma espécie, esta extinção é para sempre. Em termos ambientais, de 1.500 a 1.964 desmatamos menos de 1% da Amazônia. Nos últimos 40 anos desmatamos cerca de 16% da região. uma área equivalente a duas vezes a Alemanha (ou três estados de São Paulo) em pasto. Esta área de 750 mil km2 é duas vezes maior que a área agrícola do pais. Pior, 1/4 desta área encontra-se abandonada porque o objetivo de derrubar o mato foi o de tomar a posse da terra, para dizer: aqui tem dono. No momento estamos perdendo cerca de 24 mil km2 de cobertura nativa ao ano. Isto significa que a cada ano estamos desmatando uma área equivalente a 2/3 da Bélgica (ou do estado de Sergipe). A cada ano perdemos cerca de 1% do que resta da floresta amazônica. Se nada for feito teremos perdido mais da metade da floresta nos próximos 30 anos. Eu não autorizei. Você autorizou? Estamos apenas medindo a febre e não combatendo as causas da doença. A febre em um doente alerta que algo vai errado, é apenas um índice. Há grande comoção quando os índices de desmatamento são expostos ao vexame público, e pouco interesse em discutir as verdadeiras razões de seu crescimento. São os grandes fazendeiros! - apontam uns! É a expansão da soja! - sugerem outros. É a abertura de estradas, a ineficácia e ausência do poder público, o aumento das fazendas, os madeireiros, os garimpos, e assim por diante... Será que não continuamos na periferia do problema? Será que estamos apontando apenas as conseqüências de atos que praticamos em nosso dia-a-dia, de forma relapsa, impensada e, digamos, irresponsável? Os responsáveis somos nós! Será que estamos fazendo as perguntas certas? Quem é responsável pela maior parte dos desmatamentos? Não será difícil responder: as propriedades rurais dedicadas à pecuária. Trata-se apenas das grandes fazendas? Não, as pequenas e médias têm na pecuária bovina e bubalina (de búfalos) sua principal atividade. E por que expande a pecuária na Amazônia? Certamente um fazendeiro tradicional irá comentar: "porque é mais barato produzir carne na região, a terra tem pouco valor, a mão de obra é barata, há pouca fiscalização dos órgãos ambientais, trabalhistas e da receita federal". Esta, no entanto é uma resposta insatisfatória. Afinal, esta carne vai para algum lugar. Alguém consome este produto. Os dados são claros: mais de noventa por cento da carne produzida na Amazônia é consumida no próprio Brasil, a maior parte nas regiões de maior poder econômico – Sul e Sudeste. O crescimento do consumo de carne bovina é significativo. A cada dia mais e mais pessoas querem a sua picanhazinha e a sua maminha. Em quarenta anos, de 1964 a 2004, o rebanho bovino da Amazônia saltou de 1,5 para 60 milhões de cabeças. Parte deste rebanho é clandestino. Este lote de animais prontos para morrer para saciar o desejo de comer carne bovina representa 1/3 do rebanho brasileiro. Três cabeças de boi para cada habitante da Amazônia. No Brasil já há mais bois que gente! A pecuária é a principal atividade econômica rural da Amazônia. Não se trata apenas de grandes e médios propriedades (estes são 25 mil famílias com áreas acima de 500 hectares). A maior parte dos 400 mil pequenos proprietários rurais da Amazônia tem na pecuária a sua principal fonte de renda (seja pelo fracasso das demais atividades econômicas, seja pela completa incompreensão do que seja a natureza amazônica ou impaciência com a Natureza, preferindo carboniza-la a conduzir a dança da sustentabilidade). Lembremos que estamos em um país onde a maioria vive em grande carestia. Se não fosse devido o baixo poder aquisitivo do brasileiro o consumo de carne seria pelo menos o dobro. O brasileiro come, em média, um bife pequeno por dia (100 gramas) - 36kg de carne/ano. Um boi de 16 arrobas tem em média 240 kg de carne. Se você comer carne bovina durante sua vida (72 anos – a idade média do brasileiro), isto significa um boi a cada 6,6 anos, 11 bois inteiros durante a vida – 2,6 toneladas de carne! Destes 11 bois, pelo menos 4 terão vindo da Amazônia, ou seja, a cada três dias o brasileiro come um bife da Amazônia. Sabe-se que este é um índice médio. O consumidor da classe alta e média chegam a comer mais de 3 vezes esta cifra - 108 kg/carne bovina/ano. Ou seja, um caminhão com 32 bois, mais de 7,5 toneladas de carne em sua vida! Quanto custa para a Humanidade este bife? A insistência do modelo mundial de ocupação do solo, que privilegia a pecuária é o principal responsável pela fome e desigualdade na área rural do Planeta. A quantidade de água, solos e recursos utilizados para produzir um quilo de carne seria suficiente para alimentar pelo menos 50 pessoas. A expansão da pecuária é responsável por pelo menos 2/3 dos desmatamentos das florestas tropicais do planeta. Estas já ocuparam 16% do planeta. Hoje ocupam menos de 9%. Da II Guerra Mundial até hoje perdemos mais de 3% das florestas tropicais do planeta. Por quê? Principalmente porque há gente querendo comer carne bovina. A pergunta que fazem os fazendeiros é: quanto o bife custa no seu prato? A pergunta que deve inquietar o cidadão deste planeta é: "quanto custa de esforço à Humanidade para você ter o luxo de um bife em seu prato?" A pecuária é o pior empregador que existe no planeta. A miséria brasileira no campo pode ser resumida a uma frase: a pecuária bovina expulsou o homem do campo. Numa grande fazenda na Amazônia, emprega-se diretamente uma pessoa a cada setecentos bois, que ocupa uma área de 1 mil hectares. A mesma área com agricultura familiar empregaria pelo menos 100 vezes mais, com agro-floresta em permacultura empregaria 250 pessoas! A pecuária gera pouca renda e esta é praticamente transferida para fora das regiões produtoras. A ilha do Marajó, uma área do tamanho da Suíça, após duzentos anos de pecuária (bovina e bubalina), tornou-se uma das áreas mais pobres da Amazônia - e do planeta – com índices de desenvolvimento humano (IDH) equivalentes aos de Bangladesh. Em Chaves, no Marajó, um quarto das crianças está fora da escola e 77% das crianças não tem luz em suas escolas! A pecuária é altamente concentradora de renda. Inexiste uma única região do Brasil onde a pecuária promoveu o desenvolvimento com justiça social. Pior, a maior parte dos fazendeiros perde dinheiro com a atividade. Como não sabem fazer contas não percebem que estão ficando mais pobres a cada dia e que pouco poderão oferecer a seus filhos e netos. Os estudos científicos do Imazon apontam que a pecuária é tão ineficiente que, em média, não oferece uma renda superior à da caderneta de poupança. Ou seja, seria mais negocio ao pecuarista vender tudo o que tem e viver do dinheiro aplicado. Por quê, então, optamos pelo boi? Porque não pensamos, somos tão bovinos quanto a ilustre e inocente criatura. Não medimos conseqüências. Pautamo-nos pelo passado. Não questionamos se o que nossos pais e avós fizeram seria o melhor para nós, para nossas famílias e para a Humanidade. Nem sempre a Humanidade fez escolhas certas. Em sua maioria são escolhas cômodas. Não medimos as conseqüências. No entanto, estamos diante de uma encruzilhada – ou transformamos a Amazônia em um imenso pasto ou iremos entregar às futuras gerações a mais diversa e bela floresta tropical do planeta. A escolha é sua. E de mais ninguém. Quinhentos anos de atraso Não há por que se assustar com esta responsabilidade. O Brasil é o campeão da falta de percepção ambiental e social. A pecuária bovina é sinônimo da história da ocupação do Brasil. Desde que o primeiro europeu colocou seus pés no Brasil, foi seguido pela pata do boi. O vírus da gripe, o boi, a bíblia e a arma de fogo modificaram este continente – difícil saber o que causou mais danos. O boi é uma fonte de proteínas de baixíssima eficiência energética (converte em carne meros 7% do que come). Com sua pata compacta o solo, causa erosão e destrói as micro-bacias e o seu consumo traz sérias conseqüências à saúde. O boi é um trator funcionando 24 horas. E por quê? Para saciar a vontade de comer picadinho, hambúrguer e estrogonofe. Para transformar o Brasil no maior pasto do planeta foi preciso "abrir" espaço para este animal. "Mato" (leia-se: floresta tropical com grande diversidade biológica) não alimenta boi. As florestas tem que ceder lugar ao pasto. Poderíamos resumir a história do desaparecimento da Natureza do Brasil em uma única lápide: "virou bife". Em 500 anos reduzimos os 1,5 milhões de hectares da Mata Atlântica (floresta tropical atlântica) a meros 7% de sua área original, a Caatinga para menos de 20% e o Cerrado para menos de 25% de sua área. Pior: a degradação continua, de maneira acelerada. Insistimos em ocupar novos pastos na Amazônia ao invés de melhor a produtividade do que já se transformou em pasto no Sul, Centro-Oeste e Sudeste. O Brasil continua um país irresponsável em termos de produtividade na pecuária. Dos 850 milhões de hectares do Brasil, há no país cerca de 250 milhões de hectares de pasto(cerca de 30% do pais). Deste total, cerca de 30% está na Amazônia - 75 milhões de hectares. A produtividade na Amazônia é pífia – 0,7 cabeças/hectare - símbolo da incompetência em compreender e tratar o meio físico amazônico. Vamos lembrar que o Brasil todo possui cerca de 50 milhões de hectares em área plantada! Neste ritmo, em duas décadas teremos mais bois na Amazônia do que a totalidade do rebanho brasileiro atual (170 milhões de cabeças). No Brasil já há mais bois que brasileiros. Resumo de nossa história: o Brasil virou pasto e nossa grande contribuição à humanidade foi substituir a maior floresta tropical do planeta em churrasquinho. Carne com gosto de fumaça, violência e extinção de espécies. Apesar da ditadura militar ter se desmilinguido nos anos 1980 a Amazônia continua sob o domínio do medo, da lei do mais forte, do coronelismo, da grilagem de terra, da corrupção e do incentivo fiscal a quem dele não necessita. Quem manda é o revólver e a motoserra. Um boi vale mais que uma vida. Por quê? Porquê insistimos em incorrer nos mesmos erros que nossos antepassados europeus, para quem a "pata de vaca" era sinônimo de progresso. O boi é celestial. O mato é o demônio. O arame farpado é progresso. A floresta calcinada é progresso. O mugido do boi é progresso. O pasto, que pode ser medido e contabilizado é celestial. O país continua a tratar a Amazônia como uma área ainda não conquistada, um imenso estoque de terra pronto para virar pasto. E mais, a Amazônia como fonte inesgotável de madeira, peixe, ouro, alumínio, energia elétrica etc. As políticas públicas e a maior parte das empresas despreza os 10.000 anos de convivência com a floresta tropical. Desta aprendizado passo a passo, de descoberta do ser e viver. O Brasil trata as comunidades indígenas e a caboclas como culturas "primitivas", "bárbaras" e "demoníacas". O mato, o espaço do desconhecido, do que não pode ser controlado, é o antro do medo, da escuridão. É no mato que estão os piores horrores. Não haverá aqui uma inversão de valores? Estamos prontos a reconhecer este erro? Ou continuaremos a nos ufanar que temos o maior rebanho comercial do planeta? Que nossos bois são "bois verdes", comem só capim? Vamos continuar a nos enganar? Seremos honestos com as futuras gerações? Quem está disposto a pensar um novo Brasil? Seremos os bois-de-presépio da vez, que sentam-se na lanchonete e devoram silenciosos seus hambúrgueres? O desafio Cabe a nós, e tão somente a nós todos, sermos diligentes e eficientes em propor um novo pacto civilizatório para a Amazônia, capaz de diminuir a pressão sobre as populações nativas e o meio ambiente. Seus 23 milhões de habitantes, com amplas necessidades de consumo, inclusive de proteínas, demandam respostas rápidas. Afinal, come-se a Amazônia três vezes ao dia, no café-da-manhã, no almoço e no jantar. Deste total há 7 milhões de habitantes na zona rural, dos quais cerca de 2 milhões vivem em trinta mil comunidades tradicionais, em sua maioria com acesso precário a serviços públicos de educação, saúde, água, esgotos, energia, segurança e assistência técnica agrícola. Não estará na hora de nos transformarmos de destruidores em enriquecedores da natureza. Será que não bastam os 75 milhões de hectares já desmatados da Amazônia (área superior a toda área agrícola do país) para revolucionarmos nossa compreensão de floresta tropical produtiva? Não será a hora de formarmos agricultores da sustentabilidade (permacultores), criadores de peixe, guarda-parques, guias de ecoturismo, artesãos, madeireiros cuidadosos, cientistas e estudiosos do saber local? E nós, continuaremos a ser meros telespectadores? Corrigindo, na verdade, somos mais que telespectadores, somos os que financiam este processo, silenciosamente, nas gôndolas de supermercado, nos espetinhos, nos pastéis de carne...Mais do que rebanhos de consumidores, de cabeça baixa, nossa ignorância alimenta a injustiça e a destruição. Aceitamos, silenciosamente, que as coisas continuem como estão. Medidas práticas para o dia de hoje Você pode mudar a Amazônia a partir de agora. A sua decisão de consumo afetará profundamente o que se produz na Amazônia. Ao nível individual: - se você come carne, pergunte a quem lhe vende, de onde vem a carne para saber se você está comendo ou não a Amazónia? - Se você mora fora do Brasil – pergunte se é mesmo imprescindível vir carne da Amazônia e das outras florestas tropicais (muitas vezes você come a Amazónia na forma de soja, que ao invés de alimentar pessoas é dado a porcos, galinhas e vacas)? - Que medidas o poder público pode tomar agora por meio de decreto: aumentar a taxa do imposto territorial rural das áreas de pastagens, modificar a fórmula de cálculo do imposto de renda dos fazendeiros, fiscalizar com seriedade as questões ambientais, trabalhistas e tributárias da cadeia produtiva da carne na Amazônia. Ao nível coletivo nacional: - Não seria oportuno discutir uma moratória de alguns anos, digamos, quatro anos, onde nenhuma autorização de desmatamento fosse concedida. Não seria este um tipo de compromisso que um novo presidente da República deveria assumir? - Não seria oportuno organizar um amplo programa de reeducação para fazendeiros e suas famílias, permitindo que fossem capacitados em técnicas sustentáveis de convivência com a floresta? Afinal, eles são pessoas como nós, que só querem ter uma vida digna para si e seus familiares. A pecuária é apenas o meio de vida que se lhes coube e que sabem trabalhar. Ao nível coletivo internacional: - Não está na hora de efetivamente discutir a relação entre a destruição das florestas tropicais do globo e a pecuária e o consumo de madeiras tropicais? Teremos que olhar a Amazônia de outra forma, não através dos olhos bovinos que esmagaram o futuro nos últimos cinco séculos. É preciso que aceitemos que não somos bois-de-presépio nem bois-de-piranha. Somos seres capazes de decidir o que queremos. E queremos justiça social, ambiente saudável, emprego e renda com equidade. Queremos entregar às futuras gerações a Amazônia com a etnodiversidade, a biodiversidade e a diversidade cultural melhor ou igual àquela que recebemos. maio de 2006.

* João Meirelles Filho (autor) vive em Belém, Pará, na região do estuário do rio Amazonas. Trabalha numa entidade sem fins lucrativos, o Instituto Peabiru – http://www.peabiru.org.br/ e se dedica ao fortalecimento institucional de organizações sem fins lucrativos da Amazônia. É autor do Livro de Ouro da Amazônia (3 a edição, Ediouro, Rio de Janeiro 2.004). Décima geração de pecuaristas que abriram as fronteiras pioneiras do Brasil, deixou de comer carne bovina em 2.000.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Além do bem-estar físico

Matéria sobre VEGetariANISMO que saiu no Jornal de Brasília.


Com o pensamento nos direitos dos bichos, os vegans optaram por não consumir carne e alimentos derivados de animais.


Grasielle Castro

Eles são pessoas como você. Não há nenhuma diferença visível. Porém, o incomum ocorre na hora de comer. Adotaram como estilo alimentar o veganismo: não come carnes, ovos ou derivados de origem animal. Geralmente, esta opção surge seguida da conscientização de libertação animal.
No início, para quem está inserido em uma cultura que tem tradição de comer carne, é difícil até ser vegetariano. O estudante de Ciências Sociais, Daniel Kirjner, 22 anos, é vegan há dois anos e esclarece logo. "No início, as pessoas acham graça. Antes de me interessar pela libertação animal, eu até zoava meus amigos que são vegans, mas com o tempo aquilo passou a fazer sentido para mim. Senti-me incoerente comendo carne e achei que o certo fosse parar com derivados também".
Mas logo as dificuldades aparecem. A primeira surge quando o vegan vai comer fora de casa. As opções são poucas e quase não há cultura de alimentos de origem vegetal. Daniel esclarece que as poucas alternativas estão relacionadas à nutrição, saúde ou estética e que à noite, o momento de diversão, de alguma maneira, exclui estes princípios. Porém ele ressalta que, o sacrifício que o vegan pode fazer é bem menor que o dos animais. "Esse é o meu jeito de se virar, ter um estilo prazeroso e coerente".
No entanto, a restrição à cultura de alimentos de origem vegetal ainda faz com que o termo vegan seja alvo de preconceitos. O assistente social Leonardo Ortegal, 22 anos, diz que para evitar confusão, considera-se um vegetariano estrito. "É um termo mais próximo do vocabulário brasileiro e evita polêmicas". Para ele, esta é uma forma de não consumo consciente. Tanto, quanto sua namorada Natália Dantas e a filha do casal Luísa Ortegal, quatro anos, são vegetarianos. Para saber mais sobre o veganismo, Leonardo faz parte de um grupo de estudos vegetariano. "No grupo a gente estuda toda matemática vegetariana. Desde culinária a tratamentos de animais, porque eles merecem o mesmo tratamento que devia dar ao nosso próximo, tratamento ideal de direito à vida. No momento, estamos lendo o livro Jaulas Vazias, de Tom Regan, principal filósofo e ativista dos direitos animais.
Em prol dos animaisA luta pela conscientização alimentar não está restrita aos estudos. Existe ainda o Madu, um grupo de ação que começou com uma série de manifestações contra o uso de animais em circos. O nome veio de uma elefante fêmea de circo, que matou três treinadores. Ela sofria da Síndrome do Elefante, que a tornava agressiva devido os maus-tratos e falta de alimentação adequada.
Segundo o estudante Júnior Pereira, 18 anos, um dos organizadores do grupo, as ações são interligadas com outras cidades. Ele adianta que entre os planos estão a Verdurada, um mutirão de reflorestamento em áreas degradadas, um ciclo de palestras e debates nas escolas do DF. "E já temos agendado vários eventos para o próximo dia 4 de outubro, que é o dia mundial dos animais", completa.


Straight edge: o xis da questão
Existe, ainda, uma ideologia que vai além do pensamento vegan. O Straight edge engloba a raiz vegan e adiciona a ela ingredientes relacionados ao comportamento. Por exemplo, o sXe não usa qualquer tipo de droga, acredita que o rock é possível sem drogas e sexo promíscuo. Embora o modo de vida straight edge não incluir nenhuma idéia política ou social, muitos dos adeptos a este estilo de vida defendem a anarquia, o socialismo ou a sustentabilidade.
A marca clássica do sXe é o X, geralmente, tatuado na mão. Em 1980, quando começou o sXe, que é completamente relacionado à música, os jovens iam a shows e, para que não consumissem bebidas alcóolicas, era feito um X na mão dos menores. O X acabou se tornando uma forma de negação, como quem diz eu não quero beber, eu quero me diverti. Uma das bandas que deu o primeiro passo no movimento foi o Minor Threat com os versos: "I Don't Drink, I Don't Smoke, I Don't Fuck - At Least I can fuckin' think! [...]" (Eu não bebo, eu não fumo, eu não fodo - Pelo menos eu consigo pensar, porra!).
VerduradaNo Brasil, o sXe está em constante crescimento. Bimestralmente, desde 1996, em São Paulo ocorre a Verdurada, o evento mais importante do calendário hardcore-punk-straightedge brasileiro. Os objetivos de quem organiza a verdurada são basicamente dois: mostrar que se pode fazer com sucesso eventos sem o patrocínio de grandes empresas e sem divulgação paga na mídia e levar até o público a música, as idéias e opiniões de pensadores e ativistas divergentes.
Em Brasília, uma das bandas que usam a música como mídia para disseminar a idéia é a Linha de Frente (foto). Segundo Frederico Galeno, baterista da banda, a intenção é fazer com que as pessoas reflitam sobre o que acontece. "Neste ano, tocamos no Porão do Rock e quando nós falamos, as pessoas pararam e escutaram. Com certeza, pelo menos, uma parou para pensar e isso já vale", anima. Frederico completa e diz que nas músicas da banda costuma falar sobre veganismo, que agrega valor ao sXe e é algo maior. O mote da banda é ser a favor da vida, dos animais, da libertação da terra, do ser humano em geral e contra o aborto.
Apesar de o sXe, ser um modo de vida mais intenso que o veganismo, não é necessariamente preciso que os adeptos sejam vegan. É comum dizer que os sXe que ainda não são vegan, serão com tempo. Mas isso ainda é muito pessoal, Frederico conta que não considera sXe uma pessoa que não é vegan.

Link da Fonte:
http://www.clicabrasilia.com.br/impresso/noticia.php?IdNoticia=303118&busca=veganismo

segunda-feira, 2 de julho de 2007

terça-feira, 13 de março de 2007

Nike lança tênis de pele de crocodilo por R$ 5,7 mil


A Nike deve comprar briga com as entidades de defesa dos animais. Tudo porque a fábrica de calçados lançou um modelo especial de comemoração com pele de cobras e crocodilos. O modelo, segundo o jornal The Sun, custa 1,4 mil libras (R$ 5,7 mil).

A linha especial de tênis conta, ainda, com detalhes de ouro 18 quilates no cadarço. O modelo foi criado em comemoração aos 25 anos da linha de tênis Air Force 1.
O tênis conta com pele de crocodilo de água salgada e de cobras anacondas, as maiores do mundo.

O novo modelo está à venda em lojas especializadas. Em Londres, de acordo com o The Sun, o calçado está em exposição em uma caixa de vidro, especialmente iluminada para o lançamento da Nike.

Grupos de defesa dos animais já se levantaram contra o novo tênis da fábrica. "Quem compra esse tipo de tênis apóia a crueldade", disse um porta-voz da ONG People for the Ethical Treatment of Animals (Peta).

CONFIRA AS FOTOS DO PRODUTO NO SITE DA FONTE

FONTE: http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200703121547_INV_30421462&idtel=

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Ato aqui em Brasília (pelo dia internacional contra os casacos de pele)

Em Brasília, realizaremos um ato na frente da Embaixada apartir das 10h da manhã (amanhã, terça-feira 13/02).
A Embaixada da CHINA fica na Quadra 813 Lote 51 Av. das Nações, Asa Sul - Brasília - DF

Telefone: 3346-4436/3346-1880 (Você pode ligar para deixar a sua opinião)

Carta aberta à Embaixada da China

Peles de Raposas, Guaxinins, Chinchilas, Martas, Cães e Gatos criados e mortos cruelmente, expostos a realidades arrepiantes, em quintas de peles na China são comercializadas e usadas na Europa e nos Estados Unidos.

Na China, a criação e morte de animais para extração da sua pele não obedece a quaisquer regras, uma vez que não há legislação que regulamente esta atividade.
Recentes investigações comprovam os métodos chocantes de criação, transporte, confinamento e matança dos animais destinados à confecção de peças de pele.

Nestas quintas, raposas, martas, coelhos e outros animais exibem distúrbios comportamentais, como movimentos repetitivos e constante abanar das cabeças, em jaulas de arame, em que os animais estão expostos à chuva, ao frio gélido, ou, noutros momentos, ao calor extremo. As mães, que ficam altamente perturbadas pelo tratamento agressivo, assim como pela impossibilidade de, ao terem as suas crias, não poderem esconder-se para o parto nem poderem protegê-las, acabam por matar os seus próprios bebês, de tão afetadas que estão. Doenças e ferimentos são comuns nestes animais, que não têm qualquer espécie de assistência nem recebem qualquer cuidado, acabando estes animais por roerem as suas próprias patas e atirarem-se constantemente contra as grades das jaulas em que estão fechados.

A globalização do comércio de pele faz com que seja impossível saber qual a origem desses produtos. As peles dos animais são artigos leiloados internacionalmente e distribuídos por fabricantes de peças de vestuário e acessórios de pele em todo o mundo, com os produtos finais a serem vulgarmente exportados.

A China fornece mais de metade das peças finais de acessórios de pele importadas para comercialização nos Estados Unidos da América. De igual modo, se uma etiqueta de um casaco ou acessório com pele diz que esse artigo foi feito num país da Europa, os animais cuja pele compõem essas peças foram provavelmente criados e mortos numa parte diferente do mundo – possivelmente, numa quinta de peles da China. Além disso, as quintas de peles nos Estados Unidos da América e na Europa, mesmo com cenários não tão extremos como os das quintas de peles da China, são unidades onde os animais, depois de terem tido vidas miseráveis, são mortos por quebra do pescoço, asfixia, afogamento, envenenamento com gás ou eletrocussão anal ou vaginal.Quem usa um casaco de pele ou qualquer acessório que tenha pele de algum animal, é cúmplice deste comércio horrivelmente cruel. Quem comercializa estas peles e as promove é primeiramente responsável por esta barbaridade inimaginável.

Hoje, 13 de fevereiro, em várias localidades do mundo, ativistas pela causa animal reúnem-se frente a órgãos chineses protestando pelo segundo ano contra a indústria de peles na China.
Nós, na capital do Brasil, viemos à Embaixada chinesa exigir às autoridades competentes que revejam tais práticas e não as associem apenas ao caráter econômico mas no que caracteriza a prática moral e racionalmente.

MADU Libertação animal

Dia Internacional de Protesto Contra o Uso de Peles de Animais13 de Fevereiro (terça-feira) às 10h

No próximo dia 13 de fevereiro, ativistas de várias organizações deproteção e defesa animal, estarão concentrados em frente às embaixadase consulados da China em mais de 37 cidades ao redor do mundo,protestando pelo segundo ano consecutivo contra a indústria de pelesda China. Em São Paulo o protesto está sendo organizado pelos grupos"Pelo Fim do Holocausto Animal" membro da International Anti-FurCoalition ( http://www.antifurcoalition.org/ ) em parceria com oVeddas (Vegetarianismo Ético, Defesa dos Direitos Animais eSociedade).
Para elaborar este casaco foram utilizados mais de 20 GATOS DOMÉSTICOS. A importação e comércio de peles de cães e gatos foram proibidas naFrança por decreto, segundo informações da agencia AFP. Modifica-se assim a lei anterior de 2003 e se amplia a proibição ao comércio detodos os "produtos derivados" das peles de ambas espécies.
Na Europa,ainda é possível vestir-se com as peles destes animais, apesar dos ecologistas lutarem para conseguir sua proibição total alegando quegatos e cãoes são despelados vivos na Ásia para suprir o continenteeuropeu. Alguns países como Bélgica, Dinamarca, França, Itália e Grécia proibiram a exportação de peles de gatos e cães, mas a falta defiscalização nas alfângegas fazem com que as peles destes animais acabem chegando a todos os países membros da UE. E também há países que ainda não proibiram o comércio e um deles é a Espanha.
A China é o maior produtor e exportador de peles de animais que continuam vítimas das mais extremistas formas de crueldade. Recentes investigações comprovam osmétodos chocantes de criação, transporte, confinamento e matança dosanimais. Entre as espécies sendo utilizadas estão incluídas não somente as tradicionais fornecedoras de pele como a raposa, coelho, guaxinim mas também cães e gatos que tem suas peles arrancadas e comercializadas de maneira fraudulenta como sendo pele de outros animais. Anualmente, mais de 2 milhões de cães e gatos são mortos na China para retirada de suas peles. Somando-se às outras espécies, mais de 40 milhões de animais são mortos todos os anos para o uso de suaspeles.
Neste dia de ação internacional, os ativistas pretendem chamar a atenção do mundo ao barbarismo da indústria de pele chinesa, conclamar as pessoas para que rejeitem produtos de origem chinesa bem como oboicote aos jogos olímpicos de Pequim que serão realizados em 2008, até que o governo chinês se pronuncie e promova uma mudança radical no tratamento dispensado aos animais daquele país.
Chegou a vez de nós, brasileiros, nos unirmos a esta luta eparticiparmos que não concordamos com o massacre.
Envie você também sua opinião às autoridades chinesas.
Local 1 - São Paulo/SPConsulado da China - R. Estados Unidos, 1071, Jd. América - Tel 113082-9877 e 3082-9084 - consuladodachina@terra.com.br -http://www.saopaulo.china-consulate.org

Local 2 - Rio de Janeiro/RJConsulado da China - R. Muniz Barreto, 715 - Botafogo - Tel 212551-4578 - chinaconsul_rj_br@mfa.gov.cn -http://www.consulado-china-rj.org.br

Uma vez que existem poucos consulados é uma sugestão que enviem tambémpara as regionais da Câmara Comercial Brasil/China:http://www.ccibc.com.br/pg_dinamica/bin/pg_dinamica.php

Mais informações:http://www.holocaustoanimal.org/

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Protesto em Goiânia contra o Le Cirque

Depois de uma série de protestos em Brasília contra o Le Cirque, chegou a vez de Goiânia realizar seu ato de repúdio, com cerca de 50 manifestantes, em 28/01/2006, um domingo. Veja a notícia sobre o protesto no site http://www.dm.com.br/impresso.php?id=171584

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Le Cirque vai para Goiânia

Le Cirque saiu de Brasília e foi para Goiânia.
Militante de Goiânia, mobilize-se. Em Brasília perturbamos o circo, chegou a vez de vocês.

Um pouco do que deu na imprensa de Brasília:
27/10/2006: http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2687331&sub=Distrito%20Federal
24/10/2006: http://noticias.correioweb.com.br/materias.php?id=2687592&sub=Distrito

Além das denúncias contra maus-tratos houve também 2 denúncias de lesão corporal contra manifestantes e uma de roubo de câmera fotográfica. Em Florianópolis também houve processos de lesão corporal contra manifestantes, incluindo uma do sexo feminino.